Fonte: CanalRural/Giro do Boi
No quadro Pastagem de A a Z, o engenheiro agrônomo, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária Wagner Pires explicou o passo a passo de como o pecuarista deve preparar o terreno para a formação de sua nova pastagem.
O consultor dividiu em cinco etapas o manejo:
1 – Dessecação: importante principalmente se o produtor desejar trocar de gramínea. Nesta etapa, ele pode aplicar um herbicida dessecante, como glifosato, para assegurar que toda a população anterior tenha sido eliminada. O herbicida ainda ajuda na decomposição da vegetação anterior, contribuindo para sua transformação em matéria orgânica;
2 – Calagem: corrige a acidez solo, mas não deve ser feita “jogando calcário a olho”, alertou Pires. A forma de aplicação do calcário e seu tipo (dolomítico, calcítico ou magnesiano) serão apontados pela análise de solo. Como penetra lentamente no terreno, o calcário deve ser incorporado com ajuda de uma grade, que está no próximo passo;
3 – Gradagem: tombar o terreno é fundamental para ‘jogar para baixo’ o banco de sementes das gramíneas invasoras e incorporar o calcário. Nesta etapa é indicado passar primeiro uma grade intermediária e depois a pesada. Caso haja muitos torrões de terra, uma grade cruzada pode ser recomendada para desfazê-los;
4 – Adubação: aplicar o fertilizante indicado e passar uma grade niveladora para o acabamento do solo;
5 – Conservar o solo: segundo Pires, o produtor não deve se esquecer de planejar esta etapa, pois pode sofrer com degradação e erosão em nascentes, rios e córregos, por exemplo. Dependendo a configuração do relevo, a formação de curvas de nível é fundamental para amenizar os impactos da pisada do boi no terreno.
Seguindo este passo a passo, restam algumas decisões ao pecuarista, como, por exemplo, a época ideal para iniciar este preparo. O agrônomo destacou que é possível iniciar o preparo no final do período das chuvas porque cerca de dois meses de sol e tempo seco ajudam a eliminar as invasoras, diminuindo a probabilidade de uma infestação. O produtor também pode iniciar o preparo do solo assim que ele voltar a ter alguma umidade, facilitando o trabalho da grade.
Outra variável pode aparecer conforme a configuração do relevo da propriedade. Em áreas de morro, muito inclinadas, não é recomendado o preparo tradicional por conta de agravar o risco de erosão. Para estes casos, Pires recomendou um preparo mínimo do solo, iniciando com dessecação e, depois, o pecuarista “passa uma grade cortando e dando uma mexida no terreno”, apontou. Nestas situações, o especialista disse que o plantio pode ser feito sobre a palhada. Pires alertou ainda que não se deve fazer o preparo do solo morro abaixo, “soltando o trator lá em cima”, descendo a área inclinada. “Isso aí acaba provocando muitas erosões”, advertiu.
Outra situação é para as áreas de várzea, em que há acúmulo de água com frequência. Assim, o produtor pode fazer o preparo no período seco e, na primeira ou na segunda chuva, lançar a semente.
“Então, meus amigos, vamos fazer um bom preparo de solo porque somente desta forma nós vamos conseguir ter uma boa formação de pastagem. A semente da gramínea é muito pequena, muito miúda e tem pouca reserva. Daí é fundamental o bom preparo para que a terra consiga envolver corretamente a semente e dar um bom resultado”, concluiu.